Espiritualidade de Papa Francisco como Jesuita

A Espiritualidade de Papa Francisco e das Irmãs de São José, com a legado de Fundador Pe. João Pierre Médaille, SJ

Vamos refletir com esta reflexão de Pe. Adelson, SJ sobre a influência da espiritualidade Inaciana na sua caminhada e descobrir os mesmos traços em nossa espiritualidade:

Agradecemos O Vaticano News,   25/04/2025

Padre Adelson Araújo dos Santos SJ - Sacerdote jesuíta, brasileiro, professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma

Os 12 anos de pontificado do Papa Francisco ficarão, com certeza, marcados na nossa memória afetiva e intelectiva, por tudo o que ele nos marcou com seu carisma pessoal de pastor que sempre buscou se aproximar das suas ovelhas e de não deixar ninguém de fora do rebanho de Cristo, como também por meio dos seus ensinamentos, caracterizados por uma forte teologia e espiritualidade do encontro, da escuta e do discernimento.

Contudo, tendo chegado aos 67 anos de vida consagrada como membro da Companhia de Jesus, não é de admirar que durante os seus 12 anos de pontificado, muito do que o Papa nos comunicou com gestos e com palavras tenha origem na espiritualidade dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. De fato, é possível identificar no jeito como Francisco viveu o seu pontificado alguns traços marcantes da espiritualidade inaciana. Ele mesmo fez questão de ressaltar isso em julho de 2013, no voo de volta da viagem que fizera ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, quando perguntado se ainda se sentia jesuíta como Papa, assim respondeu: “Eu me sinto jesuíta na minha espiritualidade, na espiritualidade dos Exercícios, a espiritualidade que eu tenho no coração”.

Mas, como reconhecer no pontificado do Papa Francisco esse carisma inaciano? Para responder a esta pergunta eu destacaria três características centrais deixadas por Santo Inácio em seus Exercícios Espirituais, que moldaram a espiritualidade e o carisma dos jesuítas e que acompanharam Francisco diariamente na sua experiência de Deus e na sua missão como bispo de Roma e sucessor de Pedro.

A primeira característica é a de sentir-se chamado a ser um “contemplativo na ação”, expressão criada por Jerônimo Nadal, um dos primeiros jesuítas e estreito colaborador de Santo Inácio em Roma. Isto significa que, para um jesuíta (e todo inaciano ou inaciana) existe uma harmonia total entre a vida espiritual e a vida apostólica, pois em tudo aquilo que fazemos e em qualquer ambiente onde estivermos podemos (e devemos) buscar e encontrar a Deus, ou seja, não apenas nos momentos formais de oração ou no interior dos templos ou conventos. Isso faz com que seja o Espírito de Cristo a guiar tudo aquilo que faço ao longo do meu dia, para que se cumpra a vontade de Deus na minha ação apostólica. E, por outro lado, permite que o meu ministério e serviço não seja um mero ativismo ou rotina profissional, mas seja fruto da minha oração, como um encontro íntimo com o Senhor que não me fecha em mim mesmo, mas abre sempre para a missão e para os demais.

Ora, não temos dúvidas do quanto o Papa Francisco souber viver e ensinar essa necessária harmonia entre oração e ação, tendo sido ele mesmo um grande “contemplativo”, alguém que deu sempre um profundo testemunho do valor da oração e da vida espiritual, mas sem jamais abandonar a vida de serviço a Deus e ao próximo. De fato, ele mesmo em uma de suas catequeses alertou que “alguns mestres de espiritualidade do passado compreenderam a contemplação em oposição à ação, e exaltaram aquelas vocações que fogem do mundo e dos seus problemas, a fim de se dedicarem inteiramente à oração. Na realidade, em Jesus Cristo, na sua pessoa e no Evangelho não há oposição entre a contemplação e a ação, não. No Evangelho, em Jesus não há contradição” (Catequese - 32. A oração contemplativa).

A segunda característica da espiritualidade que os membros da Companhia de Jesus buscam viver, como vimos o Papa Francisco fazer ao longo da sua vida, tem a ver com a nossa postura no mundo e no modo de viver a nossa fé e espiritualidade cristã de forma encarnada e em constante relação e diálogo com a realidade, com as diferentes culturas e com todas as criaturas que conosco habitam a mesma casa comum, que é o nosso planeta. De fato, nos Exercícios Espirituais meditamos e contemplamos a criação divina como obra do amor que Deus para com cada uma de suas criaturas, de modo muito especial o ser humano. E, quando pelo pecado pessoal e estrutural essa criação é ameaçada e destruída, afastando-se do plano divino, meditamos e contemplamos como a Santíssima Trindade resolve enviar ao mundo o Redentor, não para condenar, mas para salvar o mundo, por meio de Jesus, caminho, verdade e vida.

Desse modo, quando vemos a preocupação que teve o Papa pelas criaturas de Deus, ao escrever uma encíclica (Laudato Si’ – 2015) nos chamando a atenção para a necessidade de cultivarmos uma ecologia integral, que cuide melhor de tudo aquilo que Deus criou e nos chama a uma mudança de hábitos e uma verdadeira “conversão ecológica” para assegurar às futuras gerações um mundo melhor, ele certamente estava expressando uma espiritualidade que não nos deixa indiferente ao que se passa ao nosso redor e com os nossos semelhantes e outras criaturas de Deus, pois nos Exercícios inacianos rezamos que Cristo deseja ter colaboradores que o ajudem em sua missão redentora e salvífica, o que implica também viver uma espiritualidade que se preocupe com a dimensão ambiental, social, política, cultural e cotidiana da vida, já que em tudo isso o Espírito de Cristo age. Da mesma forma, Francisco mostrou a fonte inaciana da sua espiritualidade quando escreveu “Fratelli tutti”, encíclica que nos recorda que somos todos irmãos e, portanto, temos que ter cuidado pelo outro, como queria Santo Inácio que fosse as relações fraternas nas comunidades jesuítas, chamando a seus membros de “amigos no Senhor” e levando-os a praticar a solidariedade e a justiça do Reino em favor dos que sofrem injustiças e abandono.

Finalmente, a terceira característica marcante do carisma inaciano que facilmente identificamos na vida e na mensagem do Papa Francisco foi o de sempre ter buscado o “discernimento” espiritual em tudo o que fazia e em todas as decisões que tomava. De fato, este é um dos maiores dons deixado pelos Exercícios Espirituais, não apenas para os membros da Companhia de Jesus, mas para todos os cristãos. Como afirmou o Superior Geral dos jesuítas, Pe. Arturo Sosa, “os Exercícios Espirituais Inacianos são um tipo de escola do discernimento. Seguindo os Exercícios Espirituais, toda pessoa pode ser ajudada a escutar a voz de Deus chamando a totalidade da vida humana a decidir pelo seguimento dessa voz – para fazer uma escolha”.

Se observarmos bem, todo o pontificado de Francisco foi uma constante escola de discernimento apostólico e eclesial, como se verificou recentemente com o Sínodo da sinodalidade, cujo tema foi “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”. Tendo participado da comissão de espiritualidade de preparação ao sínodo e, posteriormente, das duas sessões da assembleia sinodal em outubro de 2023 e 2024, pude perceber claramente o desejo do Papa de que nós nos puséssemos em um caminho de reflexão no qual todos as vocações da Igreja — leiga, religiosa, sacerdotal, diaconal — se sentissem chamadas a participar ativamente, escutando-se mutuamente e discernindo a voz do Espírito Santo falando por meio de todos os batizados e batizadas.

Muitas outras características do modo de ser, de pensar e de agir do Papa Francisco poderiam ser identificadas como oriundas das fontes inacianas dos Exercícios Espirituais, que ele conheceu desde cedo na sua formação jesuítica e que procurou viver até o fim da sua vida terrena, agora chegada ao fim. Que neste momento em que ele nos deixa, seja esse legado espiritual que nos deixa, um tesouro que saibamos preservar e aumentar, como Igreja verdadeiramente discípula, missionária e sinodal.

Jesus desce ao inferno das guerras e da dor dos inocentes

O Papa Francisco dedicou sua reflexão,na quarta-feira 02/04, a Zaqueu dentro da sequência "A vida de Jesus. Os Encontros", no Ciclo de Catequeses para o Jubileu 2025, sobre o tema "Jesus Cristo nossa Esperança".

"O Evangelho de Lucas apresenta Zaqueu como alguém que parece irremediavelmente perdido. Talvez, por vezes, também nos sintamos assim: sem esperança. Zaqueu, em vez disso, descobrirá que o Senhor já o procurava", escreve o Papa.

De acordo com Francisco, "Jesus desceu até Jericó, uma cidade situada abaixo do nível do mar, considerada uma imagem do inferno, onde Jesus quer ir em busca daqueles que se sentem perdidos".

"Num certo sentido, Zaqueu está perdido; talvez tenha feito algumas más escolhas ou talvez a vida o tenha colocado em situações das quais tem dificuldade de escapar. Lucas insiste em descrever as características deste homem: não é apenas um publicano, isto é, alguém que cobra impostos aos seus concidadãos para os invasores romanos, mas é o chefe dos publicanos, como se dissesse que o seu pecado é multiplicado."

O Papa escreve que "Lucas acrescenta então que Zaqueu é rico, insinuando que enriqueceu às custas dos outros, abusando da sua posição. Mas tudo isto tem consequências: Zaqueu sente-se provavelmente excluído, desprezado por todos".

"Ao ouvir que Jesus passava pela cidade, Zaqueu sente o desejo de O ver. Não se atreve a imaginar um encontro, bastaria apenas observá-Lo de longe. Mas os nossos desejos também encontram obstáculos e não se realizam automaticamente: Zaqueu é de baixa estatura! É a nossa realidade, temos limitações com as quais temos de lidar. Depois há os outros, que às vezes não nos ajudam: a multidão impede Zaqueu de ver Jesus. Talvez seja também um pouco de vingança", ressalta o Pontífice.

Com o Senhor o inesperado acontece sempre

"Mas quando temos um desejo forte, não nos desanimamos. Encontramos uma solução. Mas é preciso ter coragem e não ter vergonha, é preciso ter um pouco da simplicidade das crianças e não nos preocuparmos tanto com a imagem", escreve Francisco. "Zaqueu, como uma criança, sobe numa árvore. Tinha de ser um bom ponto de observação, principalmente para observar sem ser visto, escondendo-se atrás da folhagem", ressalta.

"Com o Senhor o inesperado acontece sempre: Jesus, quando se aproxima, olha para cima. Zaqueu sente-se exposto e provavelmente espera uma repreensão pública. O povo talvez assim esperasse, mas fica desiludido: Jesus pede a Zaqueu que desça imediatamente, quase surpreendido ao vê-lo na árvore, e diz-lhe: «Hoje é necessário que eu fique em tua casa». Deus não pode passar sem procurar os perdidos."

O olhar de Jesus é de misericórdia

O evangelista Lucas "destaca a alegria do coração de Zaqueu. É a alegria de quem se sente visto, reconhecido e, sobretudo, perdoado".

“O olhar de Jesus não é de reprovação, mas de misericórdia. É aquela misericórdia que, por vezes, temos dificuldade em aceitar, especialmente quando Deus perdoa aqueles que achamos que não a merecem. Murmuramos porque gostaríamos de colocar limites no amor de Deus.”

Assumir um compromisso

Depois de ouvir as palavras de perdão de Jesus, Zaqueu "se levanta, como se tivesse ressuscitado da sua condição de morto. E levanta-se para assumir um compromisso: devolver o quádruplo do que roubou. Não é um preço a pagar, porque o perdão de Deus é gratuito, mas é o desejo de imitar Aquele que o fez sentir-se amado. Zaqueu assume um compromisso que não era obrigado a assumir, mas o faz porque entende que essa é a sua forma de amar. Zaqueu não é apenas um homem de desejo, é também alguém que sabe dar passos concretos. O seu propósito não é genérico ou abstrato, mas parte da sua própria história: olhou para a sua vida e identificou o ponto por onde começar a sua mudança".

Francisco conclui o texto, convidando a aprender "com Zaqueu a não perder a esperança. Cultivemos o nosso desejo de ver Jesus e, sobretudo, deixemo-nos encontrar pela misericórdia de Deus que sempre vem nos procurar, em qualquer situação em que estejamos perdidos".

 Fonte: Vaticano News

 

 

 

Ficar à distância? Onde estamos esta Semana Santa...

 

Ficar à distância

Várias vezes no Evangelho, a frase “à distância” é usada para descrever onde as pessoas se relacionavam com Jesus durante Seu ministério público – o demoníaco geraseno que vivia na caverna, por exemplo, e os dez leprosos que tinham doenças que também criavam um estigma social para eles. As pessoas que Jesus alimentou no monte vieram de muito longe. Jesus viu a figueira estéril à distância. O pai pródigo ficava no topo de uma colina todos os dias e esperava, esperançoso, que seu filho aparecesse à distância.

Mas Jesus nunca escolheu ficar distante de alguém que precisasse de Seu amor e misericórdia.

Depois que Jesus foi levado para fora do Jardim do Getsêmani pelos soldados e guardas enviados pelo sumo sacerdote, Pedro o seguiu “à distância”. Três vezes Pedro negou conhecer Jesus, mas Jesus estava perto o suficiente para se voltar e olhar para Pedro com amor, compaixão e compreensão. Jesus tinha um jeito de acabar com as distâncias.

Jesus não estava distante de Pedro que precisava do Seu amor e misericórdia.

Marcos, Mateus e Lucas, descrevendo a cena da crucificação, disseram que as mulheres que seguiram e apoiaram Jesus ficaram à distância. (Mt. 27,55, Mc. 15,40, Lc. 23,49) Não amassado. Eles ficaram em silenciosa admiração pelo Santo.

John tem uma opinião diferente. Ele descreve três mulheres aos pés da cruz: Maria, mãe de Jesus, Maria de Cléofas, irmã de sua mãe e Maria Madalena. Novamente de pé. Mas não à distância. Ao pé da cruz. Seria difícil chegar mais perto.

Nenhum dos evangelistas descreve qualquer discípulo masculino de Jesus como estando no local da crucificação.

Semana Santa chegará em duas semanas. Onde você estará? Onde estarei? Estaremos distantes, sem interesse em nos aproximar? Iremos nos distanciar porque não sabemos que podemos nos aproximar? Vamos desmoronar? Ou ficaremos maravilhados com o que Deus fez por nós?

Na cruz, Jesus não estava distante de quem precisava do Seu amor e misericórdia? Lembra-se de Dimas, o bom ladrão? Ele era o mais próximo de todos.

Como nos voltaremos para a Semana Santa? À distância ou mais perto a cada dia? Estaremos na Liturgia da Sexta-Feira Santa da Paixão do Senhor? Se não pudermos, podemos pelo menos nos deter na narrativa da Paixão no Evangelho de João?

~ Irmã Joan Sobala

Obrigada Ir. Joan, que escreveu este texto para seu blog  

Viver Amizade Social mudando meus comportamentos!

 

"Vós sois todos irmãos" - não basta saber disto!

Que em nossas comunidades, famílias e sociedade haja ambientes para construir a amizade social; ambientes não só geográficos mas, sobretudo, e principalmente, existenciais.

Padre Thiago Zacarias Linhares - Diocese de Campos/RJ

O contexto bíblico da afirmação de Jesus “Vós sois todos irmãos” é aquele que Nosso Senhor orienta seus discípulos contra a tentação de se impor ao outro pelo desejo da vaidade sutil de ser chamado de mestre, pai etc. É verdade que, impreterivelmente, no cotidiano da vida assumimos certas responsabilidades e posições de liderança sobre outros. Pensemos nos pais, professores, pastores, comandantes militares. Contudo, todas estas relações devem ser permeadas de um sentido cristão de Fraternidade, em que uns olhem para os outros acima de tudo como irmãos, porque esta é, segundo o evangelho, a forma legítima de nos relacionarmos - não de quem olha de cima, corrigindo, admoestando, mas dos que se olham como iguais, mesmo que haja diferenças de responsabilidades.

Verificamos, contudo, que não basta sabermos que “somos todos irmãos”, pois é preciso viver como irmãos. Só a ciência de ser não transforma o coração, senão tendo gestos e atitudes que fomentem a fraternidade e a amizade social. Daí a necessidade de compreender que este desejo de Jesus não é secundário, irrelevante ou não urgente. Pelo contrário, a maneira como nos relacionamos com os outros é imprescindível no tocante à conversão evangélica. Ainda trazemos dentro de nós ideologias que geram comportamentos que nos separa uns dos outros e gera o pecado da falta da unidade.

Repito: Não basta saber que “somos todos irmãos” se ainda olhamo-nos como inimigos, estranhos ou concorrentes. O Papa Bento XVI, quando cardeal, no seu livro “Sal da Terra”, alertou para esta realidade ambígua que pode ser a fraternidade, em que, apesar de irmãos pertencentes a grupos sociais, religiosos e até familiares, podemos, mesmo assim, não nos comportarmos como fraternos, dando contratestemunho do evangelho e prejudicando a já tão ferida fraternidade social. Assim fala o Cardeal Raztinger:

“(...) a expressão ‘amor fraterno’ é uma bela expressão, mas não se deve esquecer a sua ambiguidade. O primeiro par de irmãos da história mundial é, segundo a bíblia, Caim e Abel, e um deles matou o outro. (...) Os irmãos não são, portanto, automaticamente a imagem do amor e da igualdade.”

                                            Ratzinger, Joseph. Sal da Terra, Ed Imago,1997, p. 153.

Este é ou não é um apelo à nossa conversão pessoal? Ninguém que queira, de fato, levar a cabo todo o Evangelho, pode desconsiderar que a Fraternidade e a Amizade Social só serão possíveis quando a consciência de que “somos todos irmãos” superar a mera constatação desta verdade, e levar a ter comportamentos fraternos que nos remetam para além dos vínculos de sangue, sociais e religiosos.

Pensemos em que comportamentos são estes. Vou colocar alguns, mas tenho certeza que podemos fazer um bom exame de consciência e aumentar a lista:

- Saber expressar a opinião sem diminuir a opinião do outro, seja por comentários grosseiros ou feições negativas;

- Evitar falar sobre temas sem que haja conhecimento de causa pelo simples fato de contestar o outro;

- Abandonar radicalmente o sutil pecado, às vezes entranhado em nós, de fazer comentários da vida alheia, fazendo o outro ser tema de conversa em nossos círculos;

- Respeitar quem pensa diferente, seja em aspecto religioso ou político, enxergando-o como irmão e não como adversário;

- Estar atento ao bem que precisa ser feito na comunidade, mesmo que seja pequeno e, principalmente, se não for visto, contribuindo para a promoção do outro;

- Ser conciliador nas causas em que se detecta desavenças e divisões. Ser pacífico e pacificador é um desejo de Jesus;

- Assumir nossa posição em casa, estreitando laços familiares nem sempre fáceis, superando os laços de sangue e buscando nos tornar próximos, manifestando afeto;

- Não falar mal de membros da família com outros membros;

- Saber corrigir com caridade. A verdade não precisa ser dita de modo grosseiro;

- Perceber os vulneráveis em cada situação e incluí-los, favorecendo sua participação e ajudando a promovê-los;

- Não reclamar de tudo, exigir tudo, corrigir tudo. Existem coisas não essenciais das quais a paz é preferível a elas. Discernimento! Discernimento!

Enfim, são simples contribuições que me saltaram à mente mas que, tenho certeza, são bem pequenas diante das várias que o Espírito Santo pode suscitar nos corações dos homens. 

Que em nossas comunidades, famílias e sociedade haja ambientes para construir a amizade social; ambientes não só geográficos mas, sobretudo, e principalmente, existenciais. A fraternidade não nasce pronta, ela se constrói. Não basta ser irmão, ou saber-se irmão. É imprescindível converter-se em um.

 

Agradecemos Vatican News       03/03/2024  https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-03/vos-sois-todos-irmaos

Amizade Social

Crer no Deus “amigo da vida” nos compromete a viver a “amizade social” como atitude oblativa.

Neste tempo quaresmal, a Campanha da Fraternidade nos motiva a viver a amizade social como um estilo de vida, fundado no modo de viver de Jesus. Viver como Jesus significa encontrar-se com “o mundo do sofrimento, da injustiça, da fome… e não ficar indiferente”. A fraternidade, que nasce da compaixão, nos leva a reconhecer no outro uma dignidade e uma capacidade criativa de superar sua situação.

A amizade social se enriquece quando se deixa pautar pelo diálogo fecundo, pela cultura do encontro, pela paciência e tolerância com o diferente, pela renúncia a instrumentalizar e descartar o outro simplesmente porque “vive, pensa, crê, sente e ama de maneira diferente”.

O(a) discípulo(a) missionário(a) não é aquele(a) que, por medo, se distancia do mundo, mas é aquele(a) que, movido(a) por uma radical paixão, desce ao coração da realidade em que se encontra, aí se encarna e aí revela os traços da velada presença do Inefável; o mundo já não é percebido como ameaça ou como objeto de conquista, mas como dom pelo qual Deus mesmo se faz encontrar. O mundo não é lugar da exploração e da depredação, mas é o lugar da receptividade, da oferenda e do encontro inspirador.

Isso pede de todos nós uma atitude de abertura e de deslocamento frente ao outro, o que implica colocar-nos em seu lugar, deixar-nos questionar e desinstalar por ele… Importa, pois, re-descobrir com urgência fraternidade como valor ético e como hábito permanente de vida.

 

Pe. Adroaldo Palaoro, SJ

Um lugar para Cristo: É tarde demais?

 

 "Amém, eu vos digo: tudo o que fizestes por um destes meus irmãos menores, fizestes por mim." — Mateus 25:40

Em Mateus 25, Jesus se identifica como encarnado sempre através de pessoas necessitadas. A cofundadora da Catholic Worker, Dorothy Day (1897–1980), expande esta mensagem do Evangelho:

Não adianta dizer que nascemos dois mil anos tarde demais para dar espaço a Cristo. Nem os que vivem no fim do mundo nascerão tarde demais. Cristo está sempre conosco, sempre pedindo espaço em nossos corações.

Mas agora é com a voz de nossos contemporâneos que Ele fala, com os olhos de balconistas, operários e crianças que Ele olha; com as mãos de trabalhadores de escritório, moradores de favelas e donas de casa que Ele dá. É com os pés de soldados e mendigos que Ele caminha, e com o coração de quem precisa que Ele anseia por abrigo. E dar abrigo ou alimento a quem o pede, ou precisa, é dá-lo a Cristo...

Seria tolice fingir que é sempre fácil lembrar disso. Se todos fossem santos e bonitos, com "alter Christus" ["outro Cristo"] brilhando em luz de néon deles, seria fácil ver Cristo em todos. Se Maria tivesse aparecido em Belém vestida, como diz São João, com o sol, uma coroa de doze estrelas na cabeça e a lua sob seus pés [ver Apocalipse 12:1], então as pessoas teriam lutado para abrir espaço para ela. Mas esse não foi o caminho de Deus para ela, nem é o caminho de Cristo para Si mesmo. Dorothy Day oferece exemplos daqueles que ministraram ao menino Jesus e como nós também podemos:

Na vida humana de Cristo, sempre houve alguns que compensaram o descaso da multidão. Os pastores fizeram-no; sua pressa para o presépio expiou o povo que fugiria de Cristo. Os sábios fizeram-no; sua jornada pelo mundo compensou aqueles que se recusaram mudar a rotina de suas vidas para ir a Cristo. Mesmo os dons que os sábios trouxeram têm em si uma obscura recompensa e expiação pelo que viria a seguir mais tarde na vida deste Menino. Pois trouxeram ouro, emblema do rei, para compensar a coroa de espinhos que Ele usaria; ofereciam incenso, símbolo de louvor, para compensar o escárnio e o cuspe; deram-lhe mirra, para curar e acalmar, e foi ferido da cabeça aos pés...

Podemos fazê-lo também, exatamente como eles fizeram. Não nascemos tarde demais. Fazemos isso vendo Cristo e servindo a Cristo em amigos e estranhos, em todos com quem entramos em contato... Para um cristão pleno, o caminho do dever não é necessário... para realizar esta ou aquela boa ação. Não é um dever ajudar a Cristo, é um privilégio.

 

Dorothy Day, Selected Writings: By Little and By Little, ed. Robert Ellsberg (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1983, 1992), 94, 96, 97.  (tradução de inglês)

Juntos somos as mãos, os pés e o corpo encarnados de Deus.

Oração para Nossa Senhora Aparecida

 

Oração do Papa Francisco a Nossa Senhora Aparecida

 

Aprenda a oração de Nossa Senhora Aparecida rezada pelo Papa Francisco em sua viagem ao Brasil:

 

"Mãe Aparecida, como Vós um dia, assim me sinto hoje diante do vosso e meu Deus, que nos propõe para a vida uma missão cujos contornos e limites desconhecemos, cujas exigências apenas vislumbramos. Mas, em vossa fé de que “para Deus nada é impossível”, Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não posso hesitar. Assim, ó Mãe, como Vós, Eu abraço minha missão. Em vossas mãos coloco minha vida e vamos Vós-Mãe e Eu-Filho caminhar juntos, crer juntos, lutar juntos, vencer juntos como sempre juntos caminhastes vosso Filho e Vós.

Mãe Aparecida, um dia levastes vosso Filho ao templo para O consagrar ao Pai, para que fosse inteira disponibilidade para a missão. Levai-me hoje ao mesmo Pai,
consagrai-me a Ele com tudo o que sou e com tudo o que tenho. Mãe Aparecida, ponho em vossas mãos, e levai até o Pai a nossa e vossa juventude, a Jornada Mundial da Juventude: quanta força, quanta vida, quanto dinamismo brotando e explodindo e que podem estar a serviço da vida, da humanidade.

Finalmente, ó Mãe, vos pedimos: permanecei aqui, sempre acolhendo vossos filhos e filhas peregrinos, mas também ide conosco, estai sempre ao nosso lado e acompanhai na missão e grande família dos devotos, principalmente quando a cruz mais nos pesar, sustentai nossa esperança de nossa fé".

Oração Tempo da Criação

 

 

 

      Oração pela nossa terra  

                                     Laudato Si  #246     Papa Francisco

Deus Omnipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,


Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da vida e da beleza.


Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.


Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.


Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.


Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.


Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.


Obrigado porque estais conosco todos os dias.

Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz.

 

                                                                               

                                                                 

Senhor Reacender minhas esperanças!

                                                                                                                   

                                   

Senhor 

vez por outra sinto dores
de uma humanidade corroída
Minha pele se torna insensível
ao abraço dos outros
Meu corpo sofre a perda
de sua integridade e beleza
Minha memória acaba esquecendo
que fui feito para a relação


Mas Tua Presença muda tudo
Teu olhar
Teu toque
Teu querer
reacendem minha esperança
despertam minha identidade
fazem minha carne refletir
a transfiguração de minhas entranhas


Obrigado bondoso Amigo
pois só Tu
resgatas meu ser inteiro
das garras da morte
purificas meu interior e exterior
dos traumas e feridas
e me reintegras à comunidade
dos filhos e filhas de Deus

Pe. Francys Silvestrine Adão, SJ      Agradecimento ao Centro Loyola, Goiânia            https://centroloyola.com.br/senhor.html

 

 

Mandamentos da Casa Comum

O grito da natureza maltratada e dos pobres abandonados chegam até ao céu. É importante saber que mundo queremos deixar às gerações futuras (cf. n. 160). O Papa Francisco faz-nos compreender melhor a complexidade dos problemas e nos convida a reconsiderar o nosso mundo e a agir.

 

Abaixo, Frei Marcelo, OFMCAP de São Paulo, nos propõe os Dez Mandamentos da Casa Comum, para que possamos viver e agir com responsabilidade perante a natureza, assim como São Francisco de Assis nos ensina. 

          

FFB (Família Franciscana do Brasil)  significando o conjunto de todas as entidades associadas e os mais diversos serviços na linha da espiritualidade Francisclariana - nosso agradecimento por esta importante reflexão.