Nós, Irmãs de São José de Rochester, nos Brasil desde 1964, queremos partilhar nossas primeiras impressões ao ouvir que Cardeal Robert Francis Prevost foi eleito Papa no dia 8 de maio deste ano.

Seguem os comentários.

- Que é dos Estados Unidos é um fato. Que trabalhou no Peru por tantos anos sugere que ele tem um espírito missionário e está aberto às ideias e pensamentos além daquilo que ele adquiriu da cultura onde nasceu, viveu e teve a formação inicial. 

- Nós, Irmãs de São José de Rochester, somos de uma congregação estadunidense e nem por isso nossas irmãs são discípulas de Trump. Todas as irmãs, tanto de lá, como daqui, estão a serviço do Reino!

- Quando foi anunciado que o cardeal-eleito-papa era dos Estados Unidos, fiquei um pouco preocupada. A minha impressão dos bispos dos Estados Unidos era de que a maioria estava voltada mais para questões internas da Igreja nos EUA, que para as questões comuns aos povos do mundo inteiro. Mas quando ouvi o nome Leão XIV, me lembrei imediatamente do Leão XIII e me animei. Foi ele que escreveu a encíclica Rerum Novaram, que se tornou o alicerce da Doutrina Social da Igreja. Leão XIII denunciou as condições desumanas nas fábricas no fim do século 19 e defendeu o direito dos operários a se organizar em associações e sindicatos. Imagino que Leão XIV se preocupa com as questões sociais que afligem a humanidade.

- Ofereço a conclusão de uma reflexão que fiz após assistir o 1º pronunciamento do Papa Leão. Foi curta e objetiva a fala dele: sua missão está só começando. Como o próprio Papa Francisco, terá que lidar com controvérsias e desafios. Sua maneira de “apascentar as ovelhas” irá certamente gerar admiração, mas também resistências e críticas de fiéis, tanto conservadores, quanto progressistas, por motivos diversos. Francisco procurou reconectar a Igreja com suas raízes evangélicas, priorizando a compaixão sobre o dogmatismo e a justiça social sobre o poder. Portanto, seguindo nas pegadas dele, o Papa Leão XIV parece ser sinal de continuidade e esperança em meio a crises globais. Prefiro seguir conjugando o verbo Esperançar e acreditar que o Espírito Santo ou a Divina Rhua inspirou a Igreja para escolher o líder necessário para a nossa Igreja neste momento tão crítico para o mundo e a nossa “Casa Comum”.

- Sendo dos Estados Unidos, e próxima da idade do Robert Prevost, sinto que ele e eu crescemos em situações semelhantes -numa família católica, numa cultura católica que nos deu uma base sólida de fé e um olhar aberto para o resto do mundo. Tendo vivido 41 anos em missão no Brasil, imagino que padre-bispo Roberto, após 20 anos de vida no Peru, está como eu, profundamente marcado pela convivência com um povo simples e fiel. Por isso, me e naturalizei brasileira. Papa Leão XIV sente pertença a este povo, identifica com os sonhos e lutas deste país que o acolheu com generosidade, e se naturalizou cidadão peruano. Sou grata que ele tem essa identificação com América Latina.  Vai marcar sua atuação como Papa da Igreja Universal. 

- Eu cheguei no Brasil em julho de 1979, no auge da Teologia da Libertação, e fui conviver com o povo simples no interior de Goiás, uma experiência que influenciou todos os aspectos da minha vida.  Fui profundamente tocada pela sabedoria do povo especialmente quem vivia nas periferias da sociedade. Da mesma forma, nosso novo papa, enquanto padre missionário, foi conviver com o povo simples no Peru em 1985. Acredito que a convivência com os pobres ao longo de 20 anos deve ter marcado profundamente o seu coração e todo seu ser. Tudo indica que ele pretende continuar o processo que Francisco começou: construindo, junto com seus irmãos cardeais, bispos e todo o povo de Deus, a Igreja que Jesus quer, “uma Igreja em saída” aberta, que luta pela dignidade de todos, procurando construir “pontes, não muros”, assim, construindo aqui e agora, o “Reino de Deus”.

- A escolha do novo papa foi uma grande surpresa para mim, mas um sinal que o Espírito Santo age onde e como quer. Este padre missionário, depois muitos anos no Peru, voltou aos EUA quando foi eleito Provincial dos Agostinianos; depois serviu 12 anos como Superior Geral. Sua congregação está em 50 países! Imagino que visitou muitos países para conhecer a missão dos seus irmãos agostinianos, na diversidade de culturas e fé dos povos.  Acho que ele está bem preparado para servir nossa Igreja como Papa e nos ajudar a crescer na fé e no compromisso com um mundo mais justo e mais unido.

- Vamos continuar firmes em oração pelo Papa e continuar pedindo o Espírito Santo que o conduza como Bom Pastor, cuidando da Igreja, sem se esquecer dos pobres e marginalizados, que lute e promova a paz sempre e como bom discípulo de Jesus Cristo!