Neste fim do ano de 2024, o Papa Francisco, na sua benção Urbi et Orbi, fez questão de rezar pelos povos no mundo flagelados por conflitos armados e desastres climáticos.

Ao iniciar o Ano Jubilar, nos convidou a todas e todos, a termos consciência do sofrimento de milhões de pessoas deslocadas pela guerra e pela fome, e ao memo tempo, sermos Peregrinos de Esperança.

Como?

 

Pedimos a Deus:

Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta
que denuncia a paz dos cemitérios
e a paz dos lucros fartos.

Dá-nos a Paz que luta pela Paz!

A Paz que nos sacode
com a urgência do Reino.
A Paz que nos invade,
como vento do Espírito,
a rotina e o medo,
o sossego das praias
e a oração de refúgio.

A Paz das armas rotas
na derrota das armas.
A Paz do pão da fome de Justiça,
a Paz que se faz “nossa”
sem cercas nem fronteiras,
que tanto é “Shalom” como “Salam”,
perdão, retorno, abraço…

Dá-nos a tua Paz,
essa Paz marginal
que soletra em Belém
e agoniza na Cruz
e triunfa na Páscoa.

Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta,
que não nos deixa em paz!


 (Pedro Casaldáliga, Versos Adversos, 2006)