Trechos da Fala do Papa
Queridas irmãs, queridos irmãos, Feliz Natal!
...Hoje, nas tribulações do nosso tempo, se encarna de novo e realmente a Palavra eterna de salvação, que diz a cada homem, a cada mulher: Eu amo-te, perdoo-te, volta para mim, a porta do meu coração está aberta para ti!
...Neste Natal, início do Ano jubilar, convido todas as pessoas, todos os povos e nações a terem a coragem de atravessar a Porta, a tornarem-se peregrinos da esperança, a calarem as armas e a superarem as divisões!
Calem-se as armas na martirizada Ucrânia! Tenha-se a audácia de abrir a porta às negociações e aos gestos de diálogo e de encontro, para alcançar uma paz justa e duradoura.
Calem-se as armas no Oriente Médio! Com os olhos postos no berço de Belém, dirijo o meu pensamento para as comunidades cristãs da Palestina e de Israel e, em particular, à querida comunidade de Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima. Haja um cessar-fogo, libertem-se os reféns e ajude-se a população esgotada por causa da fome e da guerra.
Sinto-me próximo também da comunidade cristã no Líbano, e na Síria, neste momento tão delicado. Abram-se as portas do diálogo e da paz em toda a região, dilacerada pelo conflito...
Que o nascimento do Salvador traga um tempo de esperança às famílias de milhares de crianças que estão a morrer devido a uma epidemia de sarampo na República Democrática do Congo, bem como às populações do leste do país e às do Burkina Faso, Mali, Níger e Moçambique.
A crise humanitária que os afeta é causada principalmente por conflitos armados e pelo flagelo do terrorismo, e é agravada pelos efeitos devastadores das alterações climáticas, que provocam a perda de vidas humanas e o deslocamento forçado de milhões de pessoas.
Penso também nos povos dos países do Corno de África, para os quais imploro os dons da paz, da concórdia e da fraternidade. Que o Filho do Altíssimo sustente os esforços da comunidade internacional para facilitar o acesso da população civil do Sudão à ajuda humanitária e para suscitar novas negociações em vista de um cessar-fogo.
O anúncio do Natal traga conforto aos habitantes de Myanmar, que sofrem imensamente, devido aos contínuos confrontos armados, e são obrigados a fugir das próprias casas.
Que o Menino Jesus inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade do continente americano, para que, na verdade e na justiça, encontrem quanto antes soluções eficientes, para promover a harmonia social; penso especialmente no Haiti, na Venezuela, na Colômbia e na Nicarágua, e se trabalhar, sobretudo neste Ano Jubilar, na construção do bem comum e na redescoberta da dignidade de cada pessoa, superando as divisões políticas.
O Jubileu seja uma oportunidade para derrubar todos os muros de separação: os ideológicos, que tantas vezes marcam a vida política, e também os físicos, como a divisão que há cinquenta anos atinge a ilha do Chipre e que dilacerou o seu tecido humano e social. Desejo que seja possível alcançar uma solução compartilhada, uma solução que ponha termo à divisão, respeitando plenamente os direitos e a dignidade de todas as comunidades cipriotas.
Jesus, o Verbo eterno de Deus feito homem, é a Porta escancarada... que somos convidados a atravessar para redescobrir o sentido da existência e a sacralidade de todas as vidas – todas as vidas são sagradas...