Em abril deste ano, no 60º aniversário da encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII, Papa Francisco se pronunciou num vídeo que passou imagens cenas de destruição causadas pela violência atual: desde a guerra da Ucrânia às do Oriente Médio:

"Como afirmou São João XXIII, Qualquer guerra, qualquer confronto armado, acaba sempre numa derrota para todos. Desenvolvamos uma cultura da paz. Recordemos que mesmo nos casos de legítima defesa, a paz é o objetivo. E que uma paz duradoura só pode ser uma paz sem armas."

Francisco comentou que não tenham faltado testemunhas, definitivamente, mas o mundo ainda não aprendeu a lição fundamental de que "qualquer guerra, qualquer confronto armado, acaba sendo uma derrota para todos".

Desde abril, assistimos notícias alarmantes de outros lugares do mundo. Atualmente, o oriente médio e a região central da África concentram o maior número de conflitos armados.

  • A guerra civil na Síria, que começou em 2011, já deixou mais de 400 mil mortos, mais de 200 mil pessoas desaparecidas e o conflito provocou um grande êxodo de 4 milhões de sírios.
  • A guerra no Iêmen começou em 2014, já deixou 233 mil mortos, mais da metade deles por desnutrição e ausência de serviços de saúde e infraestrutura. Segundo a ONU, 2,3 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda, incluindo 400 mil que correm o risco de morrer sem tratamento.
  • Na República Democrática do Congo, ha cerca de 120 milícias atuando em algumas províncias. Em 2022, os ataques se intensificaram e provocaram a migração de mais de 521 mil pessoas.
  • Na Etiópia, forças pró-governo e os rebeldes da região de Tigré duelam desde novembro de 2020, deixando milhares de mortos. Um cessar-fogo foi anunciado em março deste ano, mas uma nova frente de batalha, na região de Afar, está colocando em risco as negociações de paz.
  • O Sudão do Sul, o país mais novo do mundo, reconhecido em 2011, enfrenta uma guerra civil desde 2013 e, das 12 milhões de pessoas que habitam o Sudão do Sul, 6 milhões estão em situação de fome e mais de dois milhões de sul-sudaneses fugiram do país.
  • No final de setembro deste ano, o exército do Azerbaijão tomou Nagorno-Karabakh, uma região separatista historicamente povoada pelo grupo étnico armênio cristão ortodoxo, num pais cuja maioria é muçulmana. Desde a Armênia afirma que já recebeu mais de 50 mil pessoas que foram obrigadas a deixar a região.

No dia 7 de outubro, o grupo terrorista Hamas deflagrou um ataque por terra acompanhado por milhares de mísseis. A primeira contagem de mortos no dia seguinte ao ataque, foi de mais de 700 israelenses. Desde então, Israel, que tem poderio bélico muito maior, revida os ataques e o Hamas continua matando. Já, às 11h50 do dia 13 de outubro o número de mortes chegou a 3.099 pessoas: 1.799 palestinos e 1.300 israelenses vítimas do conflito; das quais ao menos 500 são crianças.

No dia 8 de outubro, o Papa Francisco enfatizou: “A guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota! Rezemos pela paz em Israel e na Palestina!”. Francisco expressou a sua apreensão e a dor com que acompanha o que está ocorrendo em Israel. “A violência explodiu ainda mais ferozmente, causando centenas de mortos e feridos. Expresso a minha proximidade às famílias das vítimas, rezo por elas e por todos aqueles que vivem horas de terror e angústia. Por favor, parem com os ataques e as armas! e se compreenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de muitas pessoas inocentes.”

Depois do Angelus, o Pontífice ressaltou, “Não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos; e continuemos a recordar a querida Ucrânia, que todos os dias sofre tanto, tão martirizada”, ressaltou.

Em nota publicada em seu site, o Patriarcado Latino de Jerusalém diz que a explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. O contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos.”.

Fontes: O São Paulo, UOL, O Globo

No final do Angelus este domingo (15), Francisco expressou tristeza pelo "que está acontecendo em Israel e na Palestina" e convidou todos os fiéis a se unirem à Igreja na Terra Santa e dedicarem a próxima terça-feira, 17 de outubro, à oração e ao jejum". "A oração - explicou - é uma força mansa e santa para se opor à força diabólica do ódio, do terrorismo e da guerra".

O Papa renovou "o apelo pela libertação dos reféns", depois pediu "veementemente" que "as crianças, os doentes, os idosos, as mulheres e todos os civis não sejam vítimas do conflito", que o direito humanitário seja respeitado: "sobretudo em Gaza, onde é urgente e necessário garantir corredores humanitários e ajudar toda a população".

Irmãos e irmãs, muitos já morreram. Por favor, não deixem que mais sangue inocente seja derramado, nem na Terra Santa, nem na Ucrânia, nem em nenhum outro lugar! Basta!         Fonte: Vatican News