Enquanto crescem as versões de que poderia adiantar a sua ida a Glasgow em 31 de outubro, em vez de 1º de novembro, o Papa Francisco pediu hoje a líderes religiosos e políticos que a COP26 dê “respostas eficazes” ao aquecimento global e defendeu uma “cultura de cuidado” da casa comum.

A reportagem é de Hernán Reyes Alcaide, publicada por Religión Digital, 04-10-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O Papa, à frente de um grupo de 40 líderes religioso e cientistas, mostrou-se “a favor de uma cultura do cuidado de nossa Casa Comum e também de nós mesmos”, já que “não tem dúvidas de que a humanidade não contou com tantos meios para alcançar este objetivo como os que tem hoje”.

“Este desafio se pode enfrentar desde vários âmbitos, em particular quero apontar dois: o do exemplo e o da ação, e o da educação”, acrescentou o Papa ao participar do evento “Religiões e Ciência rumo a COP26”, organizado pelas embaixadas da Itália e Reino Unido na Santa Sé.

“Em ambos âmbitos, nós, inspirados por nossos credos e tradições espirituais, podemos oferecer importantes contribuições. São muitas as possibilidades que surgem, como evidencia a convocação conjunta, na qual se ilustram vários recursos educativos e formativos que podemos desenvolver a favor do cuidado de nossa casa comum”, acrescentou Francisco no discurso que preparou e depois entregou aos participantes.

O pontífice referiu-se assim ao documento assinado por 33 líderes religiosos e sete cientistas de primeira linha mundial no qual, entre outros temas, pedem “que o mundo alcance zero emissões líquidas de carbono o mais cedo possível, para limitar o aumento da temperatura média mundial a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais”.

Nesse marco, segundo o Papa, “a COP26 de Glasgow está chamada, urgentemente, a oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem precedentes e à crise de valores que vivemos, e assim oferecer uma esperança concreta às gerações futuras”.

“É este um desafio que nos coloca frente à necessidade de contrastar essa cultura do descarte, que parece prevalecer em nossa sociedade e que se sedimenta sobre aqueles que nossa Convocação Conjunta denomina ‘sementes de conflito: avidez, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência’”, defende o Papa.

“São estas mesmas sementes de conflito as que causam as graves feridas que provocamos no meio ambiente, como as mudanças climáticas, a desertificação, a contaminação, a perda de biodiversidade”, detalhou Jorge Bergoglio.

O Papa não leu seu discurso, para poupar tempo em uma jornada cheia de intervenções, deu uma cópia a cada um dos participantes e depois entregou o documento conjunto ao presidente da COP26, Alok Sharma, e ao ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio.

Entre os que assinam o documento estão representantes de alto perfil de todas as denominações cristãs, tanto sunitas quanto xiitas, do judaísmo, do hinduísmo, do sikhismo, do budismo, do confucionismo, do taoísmo, do zoroastrismo e do jainismo, que formam uma ampla representação de líderes religiosos.

Entre as reivindicações de religiosos e cientistas, aparece ainda “as nações mais ricas são as que tem a maior responsabilidade de tomar a iniciativa, intensificando sua ação climática em casa e apoiando financeiramente os países vulneráveis para que se adaptem e abordem a mudança climática”.